A insatisfação com a gestão da economia puxa a reprovação do governo Temer, aponta pesquisa Datafolha

FONTE O SUL//A impopularidade do presidente Michel Temer (MDB) se deve essencialmente à insatisfação com o desempenho do governo em geral e, em particular, na economia. A imagem pessoal do presidente e o desgaste causado por escândalos de corrupção que o envolvem são laterais, aponta pesquisa Datafolha.

Em levantamento realizado em 6 e 7 de junho, o instituto identificou que 82% da população considera a gestão de Temer ruim ou péssima, 14%, regular e 3%, ótima e boa. Esse é o pior desempenho de um presidente desde o início da série história, em 1989. Depois de perguntar como avalia a gestão Temer, o Datafolha indagou o entrevistado sobre seus motivos, sem apresentar alternativas.

Entre aqueles que reprovam Temer, 51% citaram espontaneamente a sua gestão na economia como razão para o descontentamento. Os aspectos mais criticados foram o desemprego (13%), os preços dos combustíveis (13%) e os impostos (10%). Não aprovam o desempenho do presidente de forma geral 21%, alegando motivos como ele “não ter feito nada pelos pobres” (7%) e despreparo ou incompetência (5%).

Entre os entrevistados, 15% mencionaram corrupção e desonestidade como fundamentos da má avaliação, sendo que 7% classificaram Temer como corrupto ou ladrão. Os homens se incomodam mais com esses problemas (18%) do que as mulheres (12%). A imagem do emedebista foi citada por 5% da totalidade dos entrevistados como base da reprovação.

O governo de Dilma Rousseff (PT) era considerado ruim ou péssimo por 28%dos brasileiros em junho de 2014, o que foi suficiente para a então presidente ser vaiada no Mundial, realizado no Brasil. Dois anos depois, foi a vez de Temer, ainda interino, ser hostilizado na Olimpíada no Rio de Janeiro. Em meados de 2016, durante o processo de impeachment de Dilma, ele prometeu comandar a retomada da economia, mas acabou por frustrar expectativas. Entre os 3% que disseram que a gestão Temer é boa ou ótima, 27% mencionaram seu desempenho na economia como razão para tanto.

O pente-fino na reprovação atual de Temer se choca com o discurso adotado pelo governo, segundo o qual a Lava-Jato e o seu noticiário ofuscam avanços conquistados. No dia seguinte à publicação da pesquisa Datafolha que mostrou a impopularidade recorde de Temer, o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) afirmou, na segunda-feira (11), que “vazamentos representam um assassinato civil e político do presidente”.

O ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) disse que uma “conspiração asquerosa impede que a população associe à figura do presidente avanços altamente significativos”. Denunciado duas vezes pela PGR (Procuradoria-Geral da República) durante o mandato, o emedebista é investigado por supostos recebimentos de propina e outras ilegalidades, as quais ele nega. Mas são questões práticas, que afetam o dia a dia da população, que alavancam a insatisfação com o governo.

A saúde pública, sempre mencionada pela população entre suas principais queixas, foi citada por 11% dos que reprovam o governo Temer. Para as mulheres, o problema é mais grave (14%) do que para os homens (8%). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Foram ouvidas 2.824 pessoas de 16 anos ou mais em 174 municípios no País.

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