Filho do ator Francisco Cuoco e neto do ex-presidente João Figueiredo são alvos de operação da Polícia Federal sobre o extinto Trump Hotel no Rio

FONTE: O SUL

A PF (Polícia Federal) deflagrou, na manhã desta terça-feira (29), uma operação que investiga um esquema de pagamento de propinas a diretores e ex-diretores do BRB, banco estatal de Brasília, em troca de investimentos em projetos como o do extinto Trump Hotel, no Rio de Janeiro, hoje LSH Lifestyle.

A PF cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão contra dirigentes atuais e já afastados do BRB, expedidos pela 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília. Entre os investigados estão também Diogo Cuoco e Adriana Cuoco, respectivamente filho e nora do ator Francisco Cuoco. Eles são suspeitos de lavar dinheiro para o esquema. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Segundo uma pessoa com acesso ao caso, que corre em sigilo, Diogo foi alvo de um mandado de prisão, e Adriana, de busca e apreensão. Outro alvo é Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do general João Baptista Figueiredo, último presidente brasileiro na ditadura militar (1979-1985). Também foi expedido mandado de prisão contra ele, que estaria morando no exterior.

Paulo Renato se associou em 2013 ao presidente americano Donal Trump para explorar o hotel de luxo, na Barra da Tijuca. A Trump Organization cedeu a sua marca para o empreendimento até 2016, mas se retirou do negócio depois que ele passou a ser investigado. Segundo documentos da operação, obtidos pelo jornal Folha de S.Paulo, ao menos R$ 16,5 milhões em subornos foram pagos a dirigentes do BRB para que eles liberassem recursos de fundos de pensão de estatais e de órgãos públicos, administrados pelo banco, e da própria instituição financeira para os projetos que davam prejuízo e não passavam por análise técnica adequada, entre eles o do hotel.

Entre os investigados estão o presidente licenciado do BRB, Vasco Cunha Gonçalves, recém nomeado para presidir o Banco do Estado do Espírito Santo, além dos diretores Financeiro e de Relações com Investidores, Nilban de Melo Júnior, e de Serviços e Produtos, Marco Aurélio Monteiro de Castro. Os três foram alvos de mandados de prisão.

A operação se baseia nas delações premiadas de executivos da Odebrecht, do corretor Lúcio Bolonha Funaro, operador de propinas para o MDB, e do empresário Ricardo Siqueira Rodrigues. Este último montou, em sociedade com Paulo Renato, o Fundo de Investimento em Participações LSH para captar dinheiro para o hotel.

Aos procuradores da força-tarefa Greenfield, responsável pela investigação na Procuradoria da República no Distrito Federal, Rodrigues resumiu o funcionamento do banco estatal de Brasília da seguinte forma: “Tudo no BRB é extorquir. Não é depois. Hoje. Qualquer negócio lá tem que ter pedágio. Por isso que o BRB é um banco totalmente – como é que se chama? – inoperante do ponto de vista de mercado. O objetivo lá é cobrar pedágio”. A sede da instituição foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta terça.

Segundo as investigações, Rodrigues negociava as propinas com o empresário Henrique Neto, dono da Biam DVTM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários) e pai do ex-diretor da BRB DVTM Henrique Leite, também investigado por se beneficiar dos pagamentos. Há mandados de prisão contra os dois.

O esquema teria começado em 2012. A partir de 2015, teria sido reestruturado pelo então chefe do Conselho de Administração do BRB, Ricardo Leal, que havia sido tesoureiro da campanha do recém-eleito governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), e que nomeou parte dos dirigentes do BRB envolvidos na investigação.

Relatório da operação diz que houve pagamentos indevidos para liberar, via BRB, recursos do Instituto de Gestão Previdenciária de Tocantins, do Regime de Previdência Social do município de Santos, do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul e de fundos próprios do BRB, entre outros.

O documento sustenta que as propinas eram pagas por meio de entregas de quantias em espécie, não raro com a emissão de notas fiscais frias por empresas que simulavam serviços para justificar as saídas dos recursos das empresas pagantes. Uma delas era a Globomix Servicos de Concretagem, de Diogo Cuoco.

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