Boa Vista (Roraima) - Refugiados venezuelanos se preparam para deixar Boa Vista com destino a São Paulo (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Nos primeiros seis meses deste ano, mais de 16 mil venezuelanos pediram refúgio em Roraima, segundo a Polícia Federal

FONTE: O SUL

Nos primeiros seis meses deste ano, mais de 16 mil venezuelanos pediram refúgio em Roraima, segundo a PF (Polícia Federal). O número já é 20% maior do que o registrado em todo o ano de 2017, quando foram recebidas pouco mais de 13,5 mil solicitações.

De acordo com a PF, entre janeiro e 22 de junho deste ano, foram recebidos 16.953 pedidos de refúgio no Estado. Desses, 16.523, ou 97% do total, são só de venezuelanos. Os demais são de cubanos (155), haitianos (139) e cidadãos de outras nacionalidades (133).

O recorde de pedidos de refúgio de venezuelanos ocorreu no mês de maio, quando o país vizinho foi às urnas e o presidente Nicolás Maduro acabou reeleito. Somente naquele mês, foram 4.054 solicitações feitas junto à PF.

Em 2017, ano em que o índice teve uma alta abrupta, foram recebidos 13.583 pedidos de venezuelanos. No ano anterior, foram 2.048 e, em 2015, quando começou a imigração de venezuelanos para Roraima, foram 253 solicitações. Uma vez feita uma solicitação de refúgio, o pedido segue para o Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), que analisa e reconhece ou não a condição de refugiado.

Imigrantes em trânsito

Apesar de ser um dado importante para mostrar o fluxo migratório, o número de pedidos de refúgio não corresponde à quantidade exata de venezuelanos vivendo em Roraima, afirma o professor do curso de Relações Internacionais Gustavo da Frota Simões.

No entendimento dele, nem todos os 16.523 venezuelanos que pediram refúgio à PF neste ano continuam em Roraima porque muitos estão seguindo viagem, principalmente para buscar trabalho. Para ele, a imigração venezuelana para o Estado pode ser dividida em três fases: a pendular, de permanência e de trânsito, que é a vivida atualmente.

Na primeira delas, entre 2015 e 2016, imigrantes cruzavam a fronteira para comprar mantimentos e depois voltavam para o país de origem. Depois, em 2017, venezuelanos passaram a se mudar para o Estado em busca de melhores condições de vida.

Já neste ano, conforme o professor, a imigração ganha um novo caráter, que é o dos imigrantes em trânsito. Apesar disso, na avaliação dele, o número de pedidos de refúgio ainda devem continuar aumentando, porque ele acompanha o agravamento da crise política e econômica na Venezuela.

Venezuelanos em Roraima

A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que 800 venezuelanos cruzam a fronteira por dia. Já o Exército brasileiro calcula que a média de entrada de venezuelanos em Roraima nos últimos cinco meses foi de 416 pessoas por dia.

Ainda não há números precisos sobre a quantidade de venezuelanos vivendo em Roraima, mas um levantamento da prefeitura de Boa Vista apontou que só na capital há 25 mil moradores venezuelanos – o equivalente a 7,5% da população local, que é de 332 mil habitantes.

Antes desse estudo, a prefeitura estimava que 40 mil venezuelanos estavam na cidade. Nessa época, só a praça Simón Bolívar – que foi cercada com tapumes e desocupada em maio – tinha cerca de 1,2 mil venezuelanos acampados. Atualmente, o Estado tem nove abrigos públicos com cerca 4 mil pessoas, cinco deles abertos só neste ano. Mesmo assim, ainda há venezuelanos em situação de rua em 10 dos 15 municípios do Estado.

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