A Polícia Federal faz buscas na casa da mãe de Aécio Neves e em endereços ligados a outros familiares do senador
FONTE: O SUL
A PF (Polícia Federal) cumpriu três mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família do senador Aécio Neves (PSDB) nesta quinta-feira (20). Um dos locais é a casa da mãe do parlamentar, eleito deputado federal, na rua Pium-í, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte (MG). O objetivo, segundo a PF, é coletar elementos que podem indicar lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Os outros endereços são a casa de Frederico Pacheco, primo do senador, e uma empresa de comunicação que seria de Pacheco em sociedade com a jornalista Andrea Neves, irmã de Aécio.
No dia 11 deste mês, com o apoio do Ministério Público Federal, foram cumpridas ordens judiciais em imóveis do senador e da irmã dele, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. As buscas desta quinta-feira foram determinadas pelo ministro Marco Aurélio, do STF (Supremo Tribunal Federal). Foram recolhidos documentos em papel e arquivos digitais.
Repasse de dinheiro
Após a deflagração da primeira fase da Operação Ross, a PF conseguiu obter novos indícios do repasse de dinheiro vivo em Minas Gerais destinado ao senador Aécio Neves, principal alvo da ação sob suspeita de ter captado ilicitamente R$ 128 milhões do grupo J&F, detentor da JBS/Friboi. Aécio voltou a dizer que não recebeu propina.
Um dos empresários ouvidos durante a operação, Ronosalto Pereira Neves, sócio da MartMinas Distribuidora, confirmou à PF que realizou uma operação financeira para gerar R$ 1,1 milhão em espécie a pedido da JBS/Friboi, integrante do grupo J&F. Ronosalto disse que a operação foi feita por um pedido direto do empresário Joesley Batista, dono do grupo, e que o dinheiro foi retirado nos escritórios da MartMinas por um gerente da própria JBS-Friboi, de nome Roberto.
Esse é o segundo empresário varejista que confirma aos investigadores ter gerado dinheiro vivo em operações com a JBS/Friboi. No primeiro caso, revelado pelo jornal O Globo em 16 de novembro, o dono do Supermercado BH, Waldir Rocha Pena, relatou que gerou esses recursos e fez entregas de dinheiro em caixas de sabão em pó a um primo de Aécio, Frederico Pacheco. Também intimado pela PF durante a Operação Ross, Waldir acertou com os investigadores que prestaria depoimento em uma nova data a ser agendada posteriormente.
Os executivos da J&F relataram em delação premiada que, além do Supermercado BH, também usaram o supermercado MartMinas para gerar R$ 1 milhão em dinheiro vivo destinados a Aécio. O depoimento de Ronosalto corrobora parcialmente o relato dos delatores, existindo uma divergência somente em relação ao recebedor do dinheiro: o ex-diretor da J&F Ricardo Saud havia afirmado que os recursos foram recebidos por Frederico Pacheco, primo de Aécio, mas Ronosalto negou essa informação. O empresário mineiro também disse não ter conhecimento que o senador tucano era o destinatário final do dinheiro.
Para os investigadores, as informações dadas pelos donos de supermercados constituem fortes indícios de que houve pagamentos em dinheiro vivo destinados a Aécio.