Os quatro políticos da família Bolsonaro com mandato no Legislativo declararam à Justiça Eleitoral um patrimônio total de mais de 6 milhões de reais

Candidato à Presidência da República pelo PSL, o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) tem sido alvo de críticas de especialistas em finanças pessoais, por ter declarado R$ 486,9 mil investidos na poupança. A aplicação rende menos do que alternativas conservadoras disponíveis em qualquer banco, como CDBs e fundos de renda fixa.

Mas a análise dos dados patrimoniais do parlamentar e de três de seus filhos, que também exercem cargos eletivos, mostra uma evolução patrimonial bem superior à variação do CDI (índice próximo da taxa Selic e que serve como referência para investimentos no País).

Ao todo, os quatro políticos com mandato da família Bolsonaro têm um patrimônio de R$ 6,03 milhões declarado à Justiça Eleitoral. Sozinho, Jair informou em 2006 ter bens no valor de R$ 433 mil. Neste ano, declarou R$ 2,28 milhões, um aumento de 427% em 12 anos. Apenas como referência, a variação do CDI no período foi de 240%.

Considerando-se os dados informados pelos filhos Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro, que passaram a declarar bens na medida que entraram na política, o patrimônio da família aumentou de R$ 818 mil em 2006 para R$ 6,03 milhões hoje, um aumento de 637%. Descontada a inflação, a alta foi de 276%. No caso de Carlos, que é vereador e não disputará esta eleição, os dados se referem a 2016.

Como o presidenciável e seus filhos fazem aplicações conservadoras, e até mesmo na poupança, não foi no mercado financeiro que eles elevaram o valor dos bens.

A formação do patrimônio de um indivíduo não depende apenas de como ele investe (e isso inclui transações imobiliárias que podem gerar lucro), mas também da renda recebida pelo trabalho, e quanto a pessoa consegue poupar diante das despesas que tem.

Outro ponto é que a Justiça Eleitoral não exige que os candidatos informem se os bens declarados foram comprados à vista ou de forma financiada.

Detalhamento

No caso da família Bolsonaro, 68% dos bens são imóveis, no valor de R$ 4,12 milhões, de acordo com os valores declarados. Carros e outros veículos totalizam R$ 561 mil, enquanto aplicações financeiras e outros bens somam R$ 1,34 milhões.

A compra financiada de um imóvel foi a justificativa do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para explicar o crescimento de mais de 400% de seu patrimônio no primeiro mandato na Câmara.

Em 2014, declarou ter R$ 205 mil, sendo um apartamento de R$ 160 mil e um carro de R$ 45 mil. Neste ano, declarou R$ 1,39 milhão, com dois apartamentos, de R$ 206,2 mil e de R$ 1 milhão, e um carro de R$ 93,1 mil.

“Deve-se basicamente à compra de um apartamento, que financiei 80% na Caixa Econômica Federal, como a maioria dos brasileiros faz quando quer financiar um apartamento. Tenho 40 anos para pagar”, disse ele em um vídeo divulgado em redes sociais.

Assim como o pai, que também é deputado federal, Eduardo recebe salário líquido de cerca de R$ 25 mil (R$ 33,7 mil bruto), o equivalente a R$ 325 mil ano. Além disso, tem direito a R$ 3,8 mil de auxílio moradia por mês. Apesar de ter imóvel próprio em Brasília, Jair recebeu o benefício desde 1995, mas disse recentemente que abrirá mão do recurso.

Em seu sétimo mandato na Câmara, Jair fez seu patrimônio se multiplicar desde que entrou para a política. Em 1988, declarou um Fiat Panorama, uma moto e dois lotes no Rio, de pouco mais de R$ 10 mil. Em 2006, registrou R$ 433 mil e quatro anos depois o patrimônio dobrou.

Dentre os novos bens estavam três apartamentos. Depois de mais um mandato, Jair declarou em 2014 patrimônio de R$ 2,07 milhões, com mais dois apartamentos na avenida Lucio Costa, um dos pontos mais valorizados no Rio. Um dos imóveis foi declarado com valor de R$ 400 mil e o outro, de R$ 500 mil.

O preço de mercado dos dois imóveis, somados, é de pelo menos R$ 5 milhões. Com base em levantamento feito em cartórios, Jair e três filhos são donos de imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15 milhões – valor superior aos R$ 4,12 milhões declarados à Justiça Eleitoral, referentes a 12 imóveis (ou participações em imóveis).

A maioria desses imóveis está em locais valorizados do Rio, como Copacabana e Barra da Tijuca e registram preço de aquisição bem abaixo da avaliação da prefeitura do Rio de Janeiro na época

Fonte: O sul

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