Total de deslocados no mundo quase dobra em 10 anos e chega a 79,5 milhões

FONTE:O SUL
O mundo tinha, ao fim do ano passado, 79,5 milhões de pessoas em situação de deslocamento, informa o relatório Tendências Globais divulgado nesta quinta-feira (18) pela Acnur (Agência da ONU para Refugiados). O número representa quase o dobro dos 41 milhões de indivíduos enquadrados nessa situação em 2010 e responde por cerca de 1% da população mundial.

Além de refugiados e solicitantes de refúgio, o balanço leva em conta também aqueles cidadãos forçados a se deslocarem dentro do próprio país. Considerando somente refugiados e solicitantes, o mundo tem 33,8 milhões de pessoas nessas situações.

Na comparação com o relatório anterior, o mundo ganhou quase 9 milhões de deslocados a mais. De acordo com a Acnur, essa alta de 12% se deve a dois principais fatores: Continuidade dos conflitos na República Democrática do Congo, no Iêmen, na Síria e na região do Sahel, no norte da África. Mapeamento dos cidadãos da Venezuela que cruzaram as fronteiras para fugir das violações de direitos humanos.

O relatório ainda aponta que os refugiados tendem a demorar a voltar ao país de origem devido à demora na resolução das situações que os fizeram deixar suas casas. É o caso da Guerra da Síria, que se arrasta desde 2011.

Por isso, enquanto a década de 1990 registrava cerca de 1,5 milhões de refugiados que retornavam aos países de origem por ano, nos 10 últimos anos essa taxa anual caiu para 390 mil retornos. O porta-voz da Acnur no Brasil, Luiz Fernando Godinho, considera que a continuidade das crises demonstra uma tendência.

Uma outra tendência mostrada é que os refugiados e solicitantes de refúgio costumam procurar países vizinhos: a Colômbia, por exemplo, tornou-se o segundo país com maior número de pessoas nessa situação por causa da crise da Venezuela, com 1,8 milhões de refugiados.

Situação no Brasil

A crise na Venezuela também está por trás dos números do refúgio no Brasil: o país tem atualmente 43 mil estrangeiros nessa condição, segundo balanço do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados) publicado na semana passada. Desse total, cerca de 88% são venezuelanos, quase todos aprovados nos últimos seis meses.

Segundo o comitê, ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o aumento se explica pelas três levas de aprovação dos pedidos feitos por venezuelanos: uma em dezembro, uma em janeiro e outra em abril – essa, destinada a um contingente de filhos de refugiados da Venezuela.

O Conare classifica o país vizinho há um ano como em situação de “grave e generalizada violação de direitos humanos”, o que acelera a aprovação dos pedidos de refúgio. De acordo com a Acnur, a medida atende às recomendações da agência.

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