Um de cada dez gaúchos que receberam teste positivo de coronavírus está recuperado

FONTE: O SUL
Sempre que governos, autoridades e imprensa em geral divulgam estatísticas relativas ao coronavírus no País, Estado ou município, um dado pode passar despercebido a muita gente: a diferença entre o número total de testes positivos registrados desde o início da pandemia e a quantidade de casos confirmados em andamento. Ambas as informações são importantes.

Isso porque, salvo em caso de óbito e outras situações excepcionais, os infectados tendem a não manifestar mais sintomas da Covid-19 após um prazo de até 14 dias desde o recebimento do exame – quando isso acontece, ele entra para a lista de recuperados da doença.

No Rio Grande do Sul, o boletim epidemiológico divulgado nesta segunda-feira pela SES (Secretaria Estadual da Saúde) indica uma proporção atual de 90%, ou seja: para cada dez casos inseridos no quadro geral do Estado (com primeira notificação oficial realizada no dia 10 de março), apenas um está, de fato, com o vírus, de forma sintomática ou assintomática.

Isso significa que, em termos numéricos, os 101.217 casos confirmados no Estado em mais de cinco meses de pandemia, 90.915 já estão livres da Covid-19 e, em tese, não podem mais transmiti-la a outras pessoas (o que não significa, necessariamente que estejam livres de riscos à sua própria saúde, devido a sequelas e outros problemas).

Parâmetro mundial

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda como critério para classificar como recuperado o paciente que recebeu dois resultados negativos para coronavírus com menos de um dia de intervalo ou, em casos leves, após 14 dias desde a confirmação da infecção. No Brasil, porém, o próprio Ministério da Saúde reconhece a escassez de testes para cumprir tais diretrizes.

Para os especialistas, é prematuro usar a expressão “curados” porque muitos pacientes apresentam sequelas da doença. “Não há uma publicação oficial que defina o critério de cura no Brasil”, alerta o infectologista Bruno Scarpellini. “Considerar apenas a alta médica é insuficiente. Há relatos de recuperados que tiveram alteração de memória, dor de cabeça crônica, cansaço e diabetes. Isso nos faz questionar se podemos dizer que eles estão curados”.

“A palavra cura ainda é precipitada por se tratar de uma doença nova, que pode apresentar características clínicas e laboratoriais tardias. Como estamos aprendendo com a doença, não dá para bater o martelo sobre o que significa a cura de fato”, diz a médica Melissa Pardini, especialista em vigilância em saúde.

Em termos nacionais, esse índice é de 80%: oito de cada dez pacientes que tiveram diagnóstico confirmado de coronavírus no Brasil se recuperaram da doença, o que coloca o país com um desempenho acima da taxa média mundial, que é de aproximadamente (65%), segundo dados da Universidade Johns Hopkins (EUA), que monitora a pandemia em nível global.

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